segunda-feira, 31 de março de 2008

MENSAGEM DO DIA 01/04/2008

Olhar de Amor

Foi um choque para aquela jovem mãe quando recebeu o diagnóstico de câncer. Sucederam-se os tratamentos e, naquele dia, após o internamento, quando ela voltava para casa, se sentiu muito triste. Ela estava consciente da sua aparência. Estava sem cabelos, por causa da radioterapia. Sentia-se desencorajada. Seu marido continuaria a amá-la? E seu filho? Ele tinha apenas seis anos. Quando chegou em casa, sentou-se na cozinha, pensando em como explicar a seu filho porque estava tão feia. Ele apareceu na porta e ficou olhando-a, curioso. Quando ela iniciou o discurso que ensaiara para ajudá-lo a entender o que via, o menino se aproximou e se aconchegou em seu colo, quietinho, a cabeça recostada em seu peito. Ela acariciou a cabecinha do filho e disse: "você vai ver como daqui a pouco o meu cabelo vai crescer e eu vou ficar melhor, como era antes". O menininho se levantou, olhou para ela, pensativo. Depois, com a espontaneidade da sua infância, respondeu: "seu cabelo está diferente, mãe. Mas o seu coração está igualzinho." A mãe não precisava mais esperar por daqui a pouco para melhorar. Com os olhos cheios de lágrimas, ela se deu conta de que já estava muito melhor. O essencial é invisível aos olhos, dizia o pequeno príncipe, no livro de Antoine de Saint Exupéry. Quem ama vê além da aparência física e é isto que ama: a essência. Por isto os casamentos em que o amor é o autêntico laço de união perdura, apesar dos anos transcorridos. Para quem têm olhos de amor, o olhar penetra além do corpo físico que perdeu um tanto do vigor e já não apresenta a exuberância plástica dos verdes anos. Para esses, o amor amadurece a cada ano, solidificando-se a cada dificuldade enfrentada, a cada óbice superado, a cada batalha vencida. Enquanto os cabelos vão sendo prateados pelo exímio pintor chamado tempo, e a artista plástica chamada idade vai colocando pequenos sinais na face, aqui e ali, o amor mais cresce. O sentimento se engrandece à medida que o passo deixa de ser tão vigoroso e um se apóia no outro para descer os degraus, para subir uma escadaria. A solidariedade se torna mais intensa, enquanto a vista se embaça um pouco e o extraordinário computador que é o cérebro já não consegue fazer as corretas equações matemáticas, para aquilatar se dá ou não tempo para atravessar a rua. Uma mão segura a outra, muda, para afirmar: esperemos um pouco. Envelhecer ao embalo do amor é maravilhoso. Desfrutar do aconchego um do outro é reconfortante. Felizes os casais que envelhecem juntos. Felizes os filhos que sabem aproveitar da companhia generosa de pais e avós que o tempo alcançou.


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De todos os momentos da vida os mais preciosos são os desfrutados com amor. Quando as dificuldades se avolumam, os problemas crescem, os dias solitários chegam, é maravilhoso ter momentos de carinho para serem recordados. Momentos que recebemos ou que ofertamos. Momentos que nos fizeram extremamente felizes. Momentos que, revividos, pelos fios invisíveis do pensamento, ainda nos reconfortam e aquecem o coração. Por tudo isso, ame muito e permita-se amar por seus amores.


MENSAGEM DO DIA 31/03/2008

Necessidade de Reforma

Vivemos tempos tormentosos. Há guerras em várias partes do mundo. Em nosso país, o cenário político e social é desolador. Entre denúncias de corrupção e de venalidade, resta pouca fé nos homens públicos. A impunidade instiga novos desmandos. O povo se mira nas figuras eminentes e procura encontrar no comportamento destas, justificativa para seus próprios equívocos. Levar vantagem parece um objetivo que se generaliza pelo corpo social. A idéia do sucesso como resultado de um esforço continuado e metódico torna-se pouco sedutora. O famoso "jeitinho brasileiro" não mais significa criatividade, mas esperteza e falta de caráter. Muitos se indagam: Haverá futuro para uma sociedade assim constituída? A história nos fornece inúmeros exemplos de civilizações que se corromperam. Em Roma, no período do Império, os costumes e os valores degeneraram. O filósofo e jurista Marco Túlio Cícero era profundamente angustiado com esse estado de coisas. Deixou inúmeros escritos que denotam sua preocupação com a corrupção que invadia a vida pública romana. Ele se preocupava com medidas populistas freqüentemente adotadas pelos governantes. Tais medidas atendiam a caprichos da multidão, mas sem educá-la ou destiná-la a trabalho útil. Quem trabalhava era fortemente tributado, a fim de que largos benefícios fossem concedidos pelo estado. Era, já naqueles tempos, a prática do assistencialismo, às custas dos contribuintes. Mas o que mais indignava Cícero era a corrupção e a troca de favores envolvendo o dinheiro público. Ao refletir sobre os vínculos fraternos, ele afirmou: "A primeira lei da amizade é não pedir nem conceder nada de vergonhoso". Disse ser uma desculpa indigna, em qualquer falta, admitir que se agiu em favor de um amigo. Bem se percebe a semelhança com a situação brasileira atual. Ainda vivemos sob o regime do compadrio. O dinheiro público é rateado entre alguns, como se fosse particular. A humanidade evoluiu muito sob o prisma intelectual e científico, nesses dois milênios. Mas, embora alguns avanços, permanece titubeante no que tange à moralidade. Em conseqüência, o mundo segue conturbado e carente de paz. Na verdade, todos sofremos em razão da falta de ética. A inadimplência faz com que os preços de produtos e serviços sejam maiores. O desvio do dinheiro público dificulta a construção de creches, escolas e hospitais. Se queremos viver num mundo melhor, devemos nos empenhar em promover uma reforma ética. E toda mudança começa no indivíduo. Para que a sociedade melhore, cada um deve esforçar-se em se aprimorar. É imperativa a adoção de novos hábitos. Chega de procurar levar vantagem, de fugir dos próprios deveres. Basta de mentir, fraudar, sonegar e trair. O patrimônio público é sagrado e todos são responsáveis por ele. O dinheiro público não existe para ser apropriado por alguns, mas para atender demandas relevantes da coletividade. Impõe-se a severa fiscalização de sua utilização, como o cumprimento de um dever. Quando formarmos uma sociedade consciente de seus deveres, apenas por isso já desfrutaremos de grande tranqüilidade.