segunda-feira, 17 de março de 2008

Mensagem do dia 19/03/2008

Consciência do Dever

O fato de médicos e hospitais de vários municípios do Rio Grande do Sul terem se recusado a fazer o abortamento em uma adolescente de 14 anos, apesar da autorização judicial que trazia consigo, foi manchete nas mídias. Segundo as notícias, a jovem disse que sua gravidez foi fruto de estupro e obteve do Juiz a permissão para realizar o aborto, isentando médicos e hospitais que se dispusessem a eliminar a vida que pulsava em seu ventre. Embora o Juiz tenha autorizado o aborto, não lhe caberia o direito de obrigar ninguém a realizar o feito, pois nem sempre a legalidade de um ato o torna moral. O que vale ressaltar na atitude desses médicos é a consciência do dever. O dever assumido, perante si mesmos, de defender a vida. “O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros.” Ao concluírem o curso os médicos fazem um juramento, o mesmo juramento feito por Hipócrates, um sábio grego que viveu no século v antes de cristo, e é considerado o pai da medicina. O juramento diz o seguinte: "Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade." "A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados." "Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos." "Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes." "Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção." "Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza." "Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra." Ao fazer tal juramento, o médico passa a ter um dever moral consigo mesmo. E, se o violar, estará ferindo a própria consciência. Ao se comprometer com esse ideal, o médico também estabelece o dever para com os outros, que é o segundo passo do dever ético-moral. Lamentável é que muitos desses homens e mulheres que juraram, solene e livremente, que manteriam o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção, usem seus conhecimentos médicos para eliminar a vida que pulsa no santuário do ventre materno. Por outro lado, é admirável a coragem e a honra desses homens e mulheres que não se permitem sujar as mãos com sangue inocente, mesmo sob qualquer pressão. Isso porque sabem que, se agirem em desacordo com o juramento feito por livre vontade, não terão como se olhar no espelho da consciência e enxergar um cidadão honrado. ............... O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados. Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão suas derrotas. O dever principia, para cada um de nós, exatamente no ponto em que ameaça a felicidade ou a tranqüilidade do nosso próximo; acaba no limite que não desejamos ninguém transponha com relação a nós. O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho. O homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, males aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento. O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos.



Mensagem do dia 18/03/2008

O Poder do Afeto

A falta de tato para resolver conflitos e tratar de assuntos com pessoas que têm idéias opostas, tem sido responsável por muitos desentendimentos e dissabores nos relacionamentos. Por vezes, um problema que poderia ser facilmente resolvido, cria sérios rompimentos por causa da falta de jeito dos antagonistas. O afeto, usado com sabedoria é uma ferramenta poderosa, mas pouco usada pela maioria dos indivíduos. O mais comum tem sido a violência, a agressividade, a intolerância. Existem pessoas que não gostam de mostrar sua intimidade e se escondem sob um véu de sisudez, com ares de poucos amigos, na tentativa de evitar aproximações que deixem expostas suas fragilidades. São como os caramujos, os tatus, as tartarugas e outros semelhantes. Ao se sentirem ameaçados, escondem-se em suas carapaças naturais, e não deixam à mostra nenhuma de suas partes vulneráveis. A propósito, você já tentou alguma vez retirar, à força, de seu esconderijo, um desses animaizinhos? Seria uma tentativa fracassada, a menos que você não se importe em dilacerar o corpo do seu oponente. No caso da tartaruga, por exemplo, quanto mais você tentar, com violência, retirá-la do casco, mais ela irá se encolher para sobreviver. Mas, se você a colocar num lugar aconchegante, caloroso, que inspire confiança, ela sairá naturalmente. Assim também acontece com os seres humanos. Se em vez da força se usar o afeto, o aconchego, a ternura, a pessoa naturalmente de desarma e se deixa envolver. Às vezes a pessoa chega prevenida contra tudo e contra todos e se desarma ao simples contato com um sorriso franco ou um abraço afetuoso. Mas, se ao invés disso encontra pessoas também predispostas à agressão, ao conflito, as coisas ficam ainda piores. Como a convivência com outros indivíduos é uma realidade da qual não podemos fugir, precisamos aprender a lidar uns com os outros com sabedoria e sem desgastes. A força nunca foi e nunca será a melhor alternativa, além de causar sérios prejuízos à vida de relação. Portanto, criar relacionamentos harmônicos é uma arte que precisa ser cultivada e levada a sério. Mas para isso é preciso que pelo menos uma das partes o queira e o faça. E se uma das partes quiser, por mais que a outra esteja revestida de uma proteção semelhante à de um porco-espinho, ninguém sairá ferido e o relacionamento terá êxito. Basta lembrar dessa regra bem simples, mas eficaz: em vez da força, o afeto. E tudo se resolve sem desgastes. ............... De tudo o que fazemos na vida ficam apenas algumas lições: A certeza de que estamos todos em processo de aprendizagem... A convicção de que precisamos uns dos outros... A certeza de que não podemos deter o passo... A confiança no poder de renovação do ser humano. Portanto, devemos aproveitar as adversidades para cultivar virtudes. Fazer dos tropeços um passo de dança. Do medo um desafio. Dos opositores, amigos. E retirar, de todas as circunstâncias, lições para ser feliz.