quinta-feira, 30 de agosto de 2007

MENSAGEM DO DIA 01/09/2007

A Lente

Quando menino, eu tinha por apelido, "o fogo-de-palha". Estava sempre com um plano novo na cabeça e, a respeito, falava entusiasticamente à minha família. Começava a tarefa, porém logo me sentia desanimado e a largava desinteressado. E uma outra idéia magnífica jorrava de meu espírito, para ter o fim de sempre. Embora o fato se repetisse constantemente, não havia, em minha casa, comentários a respeito. Em certo dia de verão, meu pai, que lia o seu jornal na varanda, chamou-me. Estava com uma lente na mão e me disse: - Preste atenção e irá ver uma coisa muito interessante. É uma experiência... Com o sol incidindo na lente, passeava o foco de luz pela folha do jornal, porém nada acontecia. Eu estava intrigado. Então ele deteve o movimento e manteve o ponto de luz imóvel por algum tempo, focalizando os raios solares. Dentro de poucos segundos o papel se incendiou e surgiu ali um furo. Escusado é dizer que aquilo me fascinou, mas não entendi logo o significado da experiência. Então meu pai me explicou: - Meu filho, este princípio se aplica a tudo que fazemos. Para alcançarmos qualquer êxito na vida é indispensável concentrar todos os nossos esforços na tarefa do momento. É como a concentração dos raios do sol filtrados pela lente. Enquanto ela percorreu às tontas a folha do jornal nada aconteceu. Mas quando se deteve, você viu o furo provocado. Tudo questão de paciência, tempo e concentração. Às vezes, quando estamos prestes a desistir, aparece-nos a solução do problema, justamente como no caso do furo no papel. Desse incidente me recordei inúmeras vezes em minha vida, o que me deu sempre muita coragem para perseverar até o fim.
MENSAGEM DO DIA 31/08/07
Dia do aniversário do Lukinha (meu filho mais novo).

Calar a Discórdia

A harmonia plena ainda constitui um sonho distante de qualquer organização humana. Os homens guardam grandes diferenças entre si. Diversos fatores induzem a distintas formas de entender e viver a vida. A educação recebida no lar, as experiências profissionais e afetivas, os professores e os amigos. Todos esses elementos contribuem para a singularidade da personalidade humana. A diversidade produz a riqueza. Se todos os homens pensassem do mesmo modo, o marasmo e a mesmice tomariam conta do mundo. Uma assembléia ou equipe composta de forma heterogênea possui grande potencial. Ocorre que conviver em harmonia com o diferente pressupõe maturidade. Em qualquer gênero de relacionamento humano, é necessário respeitar o próximo. Mas é preciso também manter o foco em um objetivo maior. Toda associação humana possui uma finalidade. No âmbito profissional, busca-se o crescimento da empresa na qual se participa. Na esfera familiar, colima-se a educação e o preparo de seus membros para a vida, em um contexto de dignidade. Em uma associação filantrópica, tem-se por meta a prática do bem. A noção clara do objetivo que se persegue facilita a convivência. O fato de alguém discordar de suas idéias não significa que esteja contra você. O relevante é verificar qual o modo mais eficiente de atingir a meta almejada pelo grupo. A convivência humana raramente deixa de produzir algum atrito. Mas é preciso saber calar a discórdia. Se o embate de idéias e posições não é ruim, a agressividade e o radicalismo sempre o são. Pense sobre as instituições que você integra. Sua presença em tais ambientes visa ao interesse coletivo, ou à exaltação de seu ego? É melhor afastar-se delas do que, por mesquinharia, ser causa de desestabilização e brigas. Mas o ideal é aprender a sacrificar seu interesse pessoal em prol de uma causa maior. Se uma controvérsia surge, reflita com serenidade sobre os pontos de vista envolvidos. Caso sua posição não seja defensável, abdique dela. Procure ser um elemento pacificador nos meios em que se movimenta. Há pouca coisa tão cansativa quanto um altercador contumaz. Certas posturas são toleráveis apenas em pessoas muito jovens. Na maturidade, a rebeldia e a vaidade sistemáticas são ridículas. Não canse seus semelhantes, com posições inflexíveis e injustificáveis. Aprenda a ceder e a compatibilizar, quando isso não comprometer sua honestidade e sua ética. De que lhe adianta vencer um debate, se a causa que você defende sofre com isso? O homem sábio identifica quando deve avançar e quando deve recuar. Mas sempre o faz de forma sincera e digna. De nada adianta afetar concordância e semear a discórdia nos bastidores. A dissimulação e a intriga são indignas de uma pessoa honrada. Reflita sobre isso, quando se vir envolvido em debates e contendas. Quando se engajar em uma causa, sirva-a com desinteresse. Jamais se permita servir-se dela para aparecer. Mas principalmente nunca a prejudique por radicalismo e imaturidade.