segunda-feira, 3 de setembro de 2007

MENSAGEM DO DIA 05/09/2007

A Visão de Cada Um

Dois homens, muito enfermos, ocupavam uma mesma enfermaria em um grande hospital. Sua única comunicação com o mundo de fora era uma janela. Um deles tinha a sua cama perto da janela e, todos os dias, tinha permissão para se sentar em sua cama, por algumas horas. Tudo como parte do tratamento dos pulmões. O outro, cuja cama ficava no lado oposto do pequeno cômodo ficava o dia todo deitado de barriga para cima. Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava perto da janela era colocado sentado, ele passava a descrever para o companheiro de quarto o que havia lá fora. Falava do grande parque, cheio de grama verde, de árvores frondosas e flores mais além, em canteiros bem cuidados. Descrevia o lago, onde havia patos e cisnes. Falava das crianças que jogavam migalhas de pão para as aves, e dos barcos de brinquedo que coloriam as tardes de verão. Falava dos casais de namorados que passeavam de mãos dadas entre as árvores, dos jogos de bola muito disputados entre a criançada. Dizia que bem além da linha das árvores, ele podia ver um pouco da cidade, o contorno dos altos prédios contra o azul do céu. O homem deitado somente escutava e escutava. Houve um dia em que ouviu, preocupado, o caso de uma criança que quase caiu no lago, sendo salva a tempo por sua mãe. Num outro dia, a descrição minuciosa foi a respeito dos lindos vestidos das moças que saudavam a primavera em flor. O homem deitado quase podia ver o que o outro descrevia, tantos eram os detalhes e a emoção do companheiro sentado. E, aos poucos, foi se tomando de inveja. Por que somente o outro, que ficava perto da janela, podia ter aquele prazer? Por que ele também não podia ter aquela mesma oportunidade? Enquanto assim pensava, mais se envergonhava e, no entanto, não conseguia evitar que tais pensamentos o atormentassem. Certa noite, enquanto estava ali olhando para o teto, como sempre, percebeu que o outro começou a passar mal. Acordou tossindo, parecendo sufocar. Com desespero, o botão de emergência foi acionado. As enfermeiras correram. O médico veio. Nova aparelhagem respiratória foi providenciada, mas tudo em vão. O homem morreu. Pela manhã, seu corpo sem vida foi retirado dali. Então, o homem que permanecia sempre deitado, pediu para que o colocassem na cama do outro, próximo da janela. Logo que assim foi feito e a enfermeira saiu do quarto, ele fez um grande esforço, apoiou-se sobre o cotovelo, na tentativa de se erguer no leito. A dor era intensa mas ele insistiu. Com muita dificuldade, ele olhou pela janela e viu...apenas um enorme, alto e feio muro de pedras nuas.

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A vida tem o colorido que a pessoa lhe dá. A paisagem se torna cinzenta ou plena de luz de acordo com as lentes de que se serve a pessoa para olhá-la. Sofrer a enfermidade e se fechar na dor ou enfeitar de vivas cores o quadro que vive, é opção individual. Há os que sofrem pouco e se desesperam, aumentando sua carga de dissabores, com as lentes escuras e sombrias de que se servem para contemplar tudo e todos. Há os que sofrem muito e se dizem tranqüilos, padecendo serenos.
MENSAGEM DO DIA 04/09/2007

Invisíveis, Mas Não Ausentes

Quando morreu, no século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris. Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação, o genial literato deixou textos inéditos que, por sua vontade, somente foram publicados após a sua morte. Um deles fala exatamente do homem e da imortalidade e se traduz mais ou menos nas seguintes palavras: "A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa. "Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo? "Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. O que constitui o meu eu, irá além. "O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra, coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. "Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz. "Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída? "Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro? "A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesado para esta terra. "O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite. "A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. "Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. "A morte é uma continuação. Para além das sombras, estendes-se o brilho da eternidade. "As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz, aproximam-se cada vez mais e mais de Deus. "O ponto de reunião é no infinito. "Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. "Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito."

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Muitos consideram que o falecimento de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, em verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se. Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual. Prossegue em sua jornada na terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem, pois elas serão valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.