terça-feira, 7 de agosto de 2007

MENSAGEM DO DIA 09/08/2007

Luz Na Escuridão

Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imitá-lo, tomou um instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais, uma infecção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego. Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo e ele não se lembrava mais das cores. Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia para a escola e todos se admiravam da sua memória. De verdade, ele não estava feliz com seus estudos. Queria ler livros. Escrever cartas, como os seus colegas. Um dia, ouviu falar de uma escola para cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo pai e se matriculou no instituto nacional para crianças cegas. Ali havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases. Logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma história curta enchia muitas páginas. O processo de leitura era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito cara. Em pouco tempo o menino tinha lido tudo que havia na biblioteca. Queria mais. Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. O amor à música aguçou seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais. Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema. Ouviu falar de um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz. Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto. Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o pequeno. Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo. Não queriam que tudo fosse por água abaixo. Com persistência, Louis Braille foi mostrando seu método. Os meninos do instituto se interessavam. À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. O sistema permitia também ler e escrever música. A idéia acabou por encontrar aceitação. Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: "Tenho certeza de que minha missão na Terra terminou." Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu. Nos anos seguintes à sua morte, o método se espalhou por vários países. Finalmente, foi aceito como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não enxergam. Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.

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Há quem use suas limitações como desculpa para não agir nem produzir. No entanto, como tudo deve nos trazer aprendizado, a sabedoria está, justamente, em superar as piores condições e realizar o melhor para si e para os outros.


MENSAGEM DO DIA 08/08/2007

A Lâmpada Queimada

Era véspera de Natal. Em todas as casas havia intensa alegria. Nas ruas, era grande o movimento. Pessoas transitavam com pacotes, entrando e saindo de lojas cheias de compradores e vendedores ansiosos. O homem e a mulher se aproximaram de um restaurante. A mulher trazia nos olhos o brilho dos que sabem compartilhar alegrias e se sentem felizes com pequenas coisas. Sorria. O homem se apresentava carrancudo. O rosto marcado por rugas de preocupação. No coração, um tanto de revolta. Sentaram-se à mesa e, enquanto ela olhava o cardápio, procurando algo simples e gostoso para o lanche, ele começou a reclamar. Reclamou que as coisas não estavam dando certo. Ele tinha investido em um determinado produto em sua loja, contando que as vendas fossem excelentes, mas não foram. O produto não era tão atraente assim. Ou talvez fosse o preço. Enfim, o comerciante reclamava e reclamava. De repente, ele parou de falar. Observou que sua esposa parecia não estar ouvindo o que ele dizia. Em verdade, ela estava mesmo era em outra esfera. Olhava fixamente para uma árvore de natal que enfeitava o balcão do pequeno restaurante. Sim, ela não estava interessada na sua conversa. Ele também olhou na mesma direção e, de forma mecânica, comentou: a árvore está bem enfeitada, mas tem uma lâmpada queimada no meio das luzes. É verdade, respondeu a mulher. Há uma lâmpada queimada. E você conseguiu vê-la porque está pessimista, meu amor. Não conseguiu perceber a beleza das dezenas de outras luzes coloridas que acendem e apagam, lançando reflexos no ambiente. Assim também acontece com a nossa vida. Você está reclamando da venda do produto que não deu certo e se mostra triste. Mas está esquecido das dezenas de bênçãos que brilharam durante todo o ano para nós. Você está fixando seu olhar na única lâmpada que não iluminou nada. Não há dúvida de que acharemos, no balanço das nossas vidas, diversas ocorrências que nos infelicitam. Podemos chegar a sentir como se o mundo ruísse sob os nossos pés. Porém, a maior tristeza que pode se abater sobre a criatura, multiplicando dificuldades para o espírito, é o mau aproveitamento das oportunidades que Deus lhe concede, para evoluir e brilhar. Meditemos sobre isso e descubramos as centenas de lâmpadas que brilham em nossos caminhos.

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Ao lado das dores e problemas que nos atingem as vidas, numerosas são as bênçãos que nos oferece a divindade. Apliquemo-nos no dom de ver e ouvir o que é bom, belo e positivo. Contemplemos a noite que se estende sobre a terra e sem nos determos no seu manto escuro, descubramos no brilho das estrelas as milhares de lâmpadas que Deus posicionou no espaço para encher de luz os nossos olhos. Acostumemo-nos a observar e a ver o bem em toda a parte a fim de que a felicidade nos alcance e possamos sentir a presença do criador, que é amor na sua expressão mais sustentando-nos as vidas.
MENSAGEM DO DIA 07/08/2007

Mensagem do Velho ao Moço

Você já foi criança um dia... mas os anos se dobraram e fizeram de você um jovem, quase um adulto... E agora você me olha com certo desprezo só porque muitos anos se dobraram para mim e hoje eu sou um velho... Você observa minhas mãos trêmulas e encarquilhadas e se esquece que foram as primeiras a acariciar as suas, inseguras na infância. Critica os meus passos lentos, vacilantes, esquecendo-se de que foram eles que orientaram seus primeiros passos. Reclama quando lhe peço para ler uma palavra que meus olhos já não conseguem vislumbrar com precisão, esquecido das várias palavras que eu repeti inúmeras vezes para que você aprendesse a falar. Fala da lentidão das minhas decisões, esquecendo-se de que suas primeiras decisões foram por elas balizadas. Diz que eu sou um velho desatualizado, mas eu confesso que pensei muito pouco em mim, para fazer de você um homem de bem. Reclama da minha saúde debilitada, mas creia, muito trabalho foi preciso para garantir a sua. Ri quando não pronuncio corretamente uma palavra, mas eu lhe afirmo que esqueci de mim mesmo, para que você pudesse cursar uma Universidade. Diz que não possuo argumentos convincentes em nossos raros diálogos, todavia, muitas foram as vezes que advoguei em seu favor nas situações difíceis em que se envolvia. Hoje você cresceu... É um moço robusto e a juventude lhe empolga as horas... Esqueceu sua infância, seus primeiros passos, suas primeiras palavras, seus primeiros sorrisos... Mas acredite, tudo isso está bem vivo na memória deste velho cansado, em cujo peito ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora... É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta... Só notei naquele dia... naquele dia em que você me chamou de velho pela primeira vez, e eu olhei no espelho... Lá estava um velho de cabelos brancos, vincos profundos na face e um certo ar de sabedoria que na imagem de ontem não existia. Por isso eu lhe digo, meu jovem, que o tempo é implacável, e um dia você também contemplará o espelho e perceberá que a imagem nele refletida não é mais a que hoje você admira... Mas você sentirá que em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso... Que o afeto que você cultivou não se desvaneceu... Que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos... Que as palavras amargas ainda lhe ferem com a mesma intensidade... E que apesar dos longos invernos suportados, você não ficou frio diante da indiferença dos seres que embalou na infância... Por isso que eu lhe aconselho, meu filho: Não ria nem blasfeme do estado em que eu estou, eu já fui o que você é, e você será o que eu sou...
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Aquele que despreza seus velhos, é como galho que deixa o tronco que o sustenta tombar sem apoio. A ingratidão para com os que nos sustentaram na infância é semente de amargura lançada no solo, para colheita futura. Assim, façamos aos nossos velhos o que gostaríamos que nos fizessem quando a nossa idade já estiver bastante avançada.