terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mensagem do dia 05/11/2008

A Conta da Vida

Quando André completou 21 anos, sua mãe lhe preparou uma festa. Ele recebeu os amigos e festejou a data com alegria. Quem estava entristecida era sua mãe. Apesar de estar completando a maioridade, André não aceitava qualquer disciplina. Com muito esforço, sua mãe conseguira que ele aprendesse as primeiras letras. Depois, não quis mais estudar e trabalhar muito menos. Ao deitar-se naquela noite, o jovem foi arrebatado pelas asas do sono. Sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual que trazia na mão um documento. E ante a curiosidade de André, lhe disse que aquela era a conta dos seres sacrificados até aquele momento, em seu proveito. Até hoje, falou o mensageiro, para te sustentar a existência morreram aproximadamente 2000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3000 peixes diversos. Nada menos de 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua, incluindo-se as do arroz, milho, feijão, trigo, das várias raízes e legumes. Em média, bebeste 3000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comeste 10.000 frutas. Tens explorado fartamente as famílias do ar, das águas, do solo. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. E nem relacionamos aqui os sacrifícios maternos, os recursos de teu pai, os obséquios dos amigos e as atenções dos Benfeitores que te rodeiam. Em troca, o Senhor da vida manda te perguntar o que é que fizeste de útil? Nada deste de retorno à natureza. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino. Tudo é mensagem de serviço, de trabalho na natureza. Olha para tua mãe. Os anos já lhe pesam e ela prossegue em intensa atividade por ti e por teus irmãos, encontrando ainda tempo para se dedicar aos filhos de ninguém. Observa teu pai que atravessa os anos em labor digno, dando-te o exemplo de disciplina e vontade. Teus próprios amigos se encontram empenhados no estudo e na dedicação profissional. Não fiques ocioso. Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra. O moço espantado passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e acordou assustado. Amanhecia. O sol de ouro cantava em toda parte um hino ao trabalho pacífico. André pulou da cama, foi até sua mãe e exclamou: - Mãe, desejo retornar aos estudos ainda hoje.


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Para nos assegurar a vida, Deus nos faculta o ar, o sol, a chuva, os ventos... Para nos sustentar o corpo, recebemos o leite materno e na seqüência, seres vegetais e animais são sacrificados todos os dias. Com tanta preocupação de Deus pela nossa própria vida, é de indagarmos o que a nossa vida tão preciosa está oferecendo ao mundo em troca.
Mensagem do dia 04/11/2008

A Dor do Abandono

Era uma manhã de sol quente e céu azul quando o humilde caixão contendo um corpo sem vida foi baixado à sepultura. De quem se trata? Quase ninguém sabe. Muita gente acompanhando o féretro? Não. Apenas umas poucas pessoas. Ninguém chora. Ninguém sentirá a falta dela. Ninguém para dizer adeus ou até breve. Logo depois que o corpo desocupou o quarto singelo do asilo, onde aquela mulher havia passado boa parte da sua vida, a moça responsável pela limpeza encontrou em uma gaveta ao lado da cama, algumas anotações. Eram anotações sobre a dor... Sobre a dor que alguém sentiu por ter sido abandonada pela família num lar para idosos... Talvez o sofrimento fosse muito maior, mas as palavras só permitem extravasar uma parte desse sentimento, grafado em algumas frases: Onde andarão meus filhos? Aquelas crianças ridentes que embalei em meu colo, alimentei com meu leite, cuidei com tanto desvelo, onde estarão? Estarão tão ocupadas, talvez, que não possam me visitar, ao menos para dizer olá, mamãe? Ah! Se eles soubessem como é triste sentir a dor do abandono... A mais deprimente solidão... Se ao menos eu pudesse andar... Mas dependo das mãos generosas dessas moças que me levam todos os dias para tomar sol no jardim... Jardim que já conheço como a palma da minha mão. Os anos passam e meus filhos não entram por aquela porta, de braços abertos, para me envolver com carinho... Os dias passam... e com eles a esperança se vai... No começo, a esperança me alimentava, ou eu a alimentava, não sei... Mas, agora... como esquecer que fui esquecida? Como engolir esse nó que teima em ficar em minha garganta, dia após dia? Todas as lágrimas que chorei não foram suficientes para desfaze-lo. Sinto que o crepúsculo desta existência se aproxima... Queria saber dos meus filhos... dos meus netos... Será que ao menos se lembram de mim? A esperança, agora, parece estar atrelada aos minutos... que a arrastam sem misericórdia... para longe de mim. Às vezes, em meus sonhos, vejo um lindo jardim... É um jardim diferente, que transcende os muros deste albergue e se abre em caminhos floridos que levam a outra realidade, onde braços afetuosos me esperam com amor e alegria... Mas, quando eu acordo, é a minha realidade que eu vejo... que eu vivo... que eu sinto... Um dia alguém me disse que a vida não se acaba num túmulo escuro e silencioso. E esse alguém voltou para provar isso, mesmo depois de ter sido crucificado e sepultado...
E essa é a única esperança que me resta... Sinto que a minha hora está chegando... Depois que eu partir, gostaria que alguém encontrasse essas minhas anotações e as divulgasse. E que elas pudessem tocar os corações dos filhos que internam seus pais em asilos, e jamais os visitam... Que eles possam saber um pouco sobre a dor de alguém que sente o que é ser abandonado...


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A data assinalada ao final da última anotação, foi a data em que aquela mãe, esquecida e só, partiu para outra realidade. Talvez tenha seguido para aquele jardim dos seus sonhos, onde jovens afetuosos e gentis a conduzem pelos caminhos floridos, como filhos dedicados, diferentes daqueles que um dia ela embalou nos braços, enquanto estava na terra.