segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Mensagem do dia 04/09/2009

A fuga

Num deste dias agitados, em que se tem mil coisas diferentes para fazer, encontramos Justin, o filho de quatro anos de idade de um jovem casal. O garoto não parava de fazer bagunça, e depois de ouvir seu pai pedir por várias vezes para que sossegasse um pouco, acabou ficando de castigo no canto da sala. Justin chorou, esperneou, emburrou e finalmente disse: "vou fugir de casa." A primeira reação da mãe foi de surpresa que, irritada, falou: "ah, vai?" Quando ela virou-se e o olhou, ele parecia um anjo, tão pequeno, encolhido ali no canto, com um ar tão triste... Ela decidiu largar tudo que estava fazendo e parou. Com o coração partido, ela lembrou-se de uma passagem de sua própria infância, quando ela também quis fugir de casa porque se sentia rejeitada e incompreendida. Ela sabia que ao anunciar "vou fugir da casa", Justin estava dizendo: "por favor, prestem mais atenção em mim. Eu também sou importante. Por favor, façam com que eu me sinta desejado e amado incondicionalmente." "Tudo bem, Justin, você vai poder fugir de casa", falou a mãe baixinho para ele, enquanto começava a pegar umas roupas em seu armário e colocar numa sacola. "Mamãe", ele perguntou, "o que você está fazendo?" Ela assim respondeu: "se você vai fugir de casa, então mamãe vai com você, porque não quero ver você sozinho nunca. Gosto muito de você, Justin." Ela então o abraçou, e ele perguntou, surpreso: "por que você quer ir comigo?" Ela olhou-o com carinho e disse: "porque eu gosto muito de você e vou ficar muito, muito triste se você for embora. E também quero tomar conta de você para que nada de mal aconteça." "Papai também pode ir?" - perguntou ele, com uma voz acanhada. "Não, papai tem que ficar com seus irmãos, e papai tem de trabalhar e tomar conta da casa quando nós não estivermos aqui." "O meu hamster pode ir?" "Não, ele também tem que ficar aqui." Justin parou um instante para pensar e disse: "mamãe, podemos ficar em casa?" "Claro, Justin, podemos ficar em casa." "Mamãe." - disse ele suavemente. "O que é Justin?" "Eu amo você." "Eu amo você também, querido, muito, muito, muito. Que tal me ajudar a fazer pipoca?" "Oba! Tudo bem." - e lá se foi Justin com sua mãe. Naquele instante ela se deu conta da maravilhosa dádiva que é ser mãe. De como somos fundamentais quando levamos a sério a responsabilidade sagrada de ajudar uma criança a desenvolver o sentido de segurança e o amor-próprio. Abraçando Justin, ela percebeu que em seus braços tinha o tesouro inestimável da infância, uma pessoinha que dependia do amor e segurança que recebesse, do atendimento de suas necessidades, do reconhecimento de suas características únicas para tornar-se um adulto feliz. Ela aprendeu que, como mãe, jamais deve "fugir" da oportunidade de mostrar aos seus filhos que eles são amados, desejados e importantes - o presente mais precioso que Deus lhe deu. *** Não te poupes esforços na educação dos filhos. Os pais assumem desde antes do berço com aqueles que receberão na condição de filhos, compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, também, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados.
Mensagem do dia 03/08/2009

A faixa preta

Depois de incansáveis anos de treinamento, um disciplinado aluno de artes marciais viu-se diante do mestre para receber a faixa preta. "Antes que lhe dê a faixa você terá de passar por um outro teste", avisou o mestre. "Estou pronto." Respondeu o aluno. "Você precisa responder a uma pergunta essencial. Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?" O jovem respirou fundo e disse: "Ela representa o fim de minha jornada. Será uma recompensa merecida por meu bom trabalho." O mestre esperou um pouco. O jovem percebeu que o professor não estava satisfeito. O silêncio que constrangia o jovem foi quebrado por novas palavras do mestre: "Você não está pronto para receber a faixa preta. Volte daqui um ano." Desapontado o aluno partiu. Um ano depois, ajoelhou-se novamente na frente do mestre. "Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?" - repetiu a pergunta o professor. "É o símbolo da excelência e o nível mais alto que se pode atingir em nossa arte", respondeu o jovem. O mestre permaneceu em silêncio. O aluno percebeu que outra vez sua resposta não fora satisfatória. Por fim, disse o professor: "Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano." Resignado o aluno partiu. Um ano depois voltou a ajoelhar-se diante do mestre. Mais uma vez foi-lhe feita a pergunta: "Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?" O aluno respirou fundo e respondeu: "A faixa preta representa o começo. É o início de uma jornada sem fim de disciplina, trabalho e busca por um padrão cada vez mais alto." O mestre sorriu e disse: "Agora você está pronto para receber a faixa preta e iniciar o seu trabalho." Estamos a caminho. Muito já percorremos. Muito já foi vencido. Quando olhamos para trás vemos os vales extensos. Os rios de correnteza inclemente. Os desfiladeiros traiçoeiros. Pântanos sombrios. São paisagens passadas. Situações superadas. Também havia na jornada campos floridos. Praias de areia alva. Árvores frondosas a oferecer-nos sombra e abrigo. São paisagens passadas. Momentos que nos enchem de saudade. Estamos a caminho. Quando olhamos para frente vemos cenários novos. Grandes surpresas nos aguardam nas curvas das estradas. Grandes dores também esperam por nós. São tantas as trilhas que se apresentam. Cada qual com uma característica especial. Algumas prometem facilidades e alegrias fugazes. Escondem armadilhas em recantos com aparência inofensiva. Outras mostram-se árduas desde o início, mas compensam os viajantes persistentes com vastos oásis de consolo e amparo. Cada estrada apresenta riscos e prêmios. Todas, porém, levam a um destino único. O tempo de viagem depende da disposição de cada peregrino. Há muito a percorrer. Estamos, ainda, a caminho.